quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ciranda pernambucana, ciranda dos pescadores



A ciranda é uma dança típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. De acordo com alguns estudiosos, o folguedo surgiu também simultaneamente em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado. É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, no entanto na região Nordeste e, sobretudo, em Pernambuco ela é conhecida como uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também.

Existem várias teorias para a origem da palavra ciranda. Uma delas segundo o Padre Jaime Diniz, um dos pioneiros a estudarem o assunto, vem do vocábulo espanhol “zaranda”, que significa instrumento de peneirar farinha e que seria uma evolução da palavra árabe “çarand”. Seria, desse modo, uma herança criada pelos mouros e trazida ao Brasil pelos portugueses. Outra hipótese é que a dança foi criada pelas mulheres dos pescadores com o propósito de distrair seus filhos enquanto seus maridos não chegavam da pesca em alto mar.

Por ser uma dança tipicamente praieira, ou seja, realizada nas praias, a ciranda geralmente era dançada nas marés baixas por pescadores, familiares e amigos. Há registros também em Pernambuco de rodas nas pontas-de-rua e nos terreiros de casas de trabalhadores rurais, que partiam depois para praças, avenidas, ruas e outros locais.

A ciranda é uma dança comunitária que não tem preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar. Começa com uma roda pequena que vai aumentando, a medida que as pessoas chegam para dançar, abrindo o círculo e segurando nas mãos dos que já estão dançando. Tanto na hora de entrar como na hora de sair, a pessoa pode fazê-lo sem o menor problema. Quando a roda atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outra menor no interior da roda maior.

Os participantes são denominados de cirandeiros e cirandeiras, havendo também o mestre, o contra-mestre e os músicos, que ficam no centro da roda. Voltados para o centro da roda, os dançadores dão-se as mãos e balançam o corpo à medida que fazem o movimento de translação em sentido anti-horário. A coreografia é bastante simples: no compasso da música, dá-se quatro passos para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo, balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda. Há cirandeiros que acompanham esse movimento elevando e baixando os braços de mãos dadas. O bombo ou zabumba, mineiro ou ganzá, maracá, caracaxá (espécie de chocalho), a caixa ou tarol formam o instrumental mais comum de uma ciranda tradicional, podendo também ser utilizados a cuíca, o pandeiro, a sanfona ou algum instrumento de sopro.

O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da ciranda, cabendo a ele "tirar as cantigas" (cirandas), improvisar versos, tocar o ganzá e presidir a brincadeira. Pode-se destacar três passos mais conhecidos dos cirandeiros: a onda, o sacudidinho e o machucadinho. Alguns dançarinos criam passos e movimentos de corpo, mas sempre obedecendo a marcação que lhes impõe o bombo. Não há figurino próprio. Os participantes podem usar qualquer tipo de roupa e a ciranda é dançada durante todo o ano.

Fonte: Biblioteca da Fundação Joaquim Nabuco

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